quarta-feira, 11 de abril de 2012

Semana Camponesa relembra a história de luta pela terra



Desde 2008, é realizada anualmente a Semana Camponesa; este evento éparte das ações do Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Educação do Campo (NECAMPO) da Faculdade de Educação, do campus UFPA/Marabá, em parceria com diversos movimentos sociais do sudeste do Pará, dentre eles, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST, a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura - FETAGRI e a Comissão Pastoral da Terra - CPT.
Esta iniciativa foi criada para reavivar a memória da luta pela terra, lembrando dos diversos assassinatos de lideranças camponesas, como, Expedito Ribeiro e a família Canuto, em Rio Maria, Dezinho, em Rondon do Pará, Irmã Adelaide, em Eldorado do Carajás, Dona Maria e José Cláudio, em Nova Ipixuna. Tais massacres são tristes lembranças na história da luta pela terra, no sudeste do Pará, e antecederam o massacre de Eldorado dos Carajás, no dia 17 de abril de 1996, onde 19 sem terras foram mortos em uma ação da Polícia Militar do Estado do Pará.
Semana Camponesa - O objetivo do evento, segundo a coordenadora do NECAMPO, Maura Pereira dos Anjos, é incentivar a discussão sobre as questões agrárias. “Sentimos a necessidade de trazer essa temática para ser discutida na comunidade acadêmica da UFPA/Marabá, junto aos movimentos sociais do campo e com os demais interessados da sociedade em geral, fazendo uma reflexão sobre a questão agrária, a violência no campo e das lutas camponesas no sudeste do Pará. Além de reavivar nossa memória dos inúmeros conflitos fundiários, os assassinatos de diversas lideranças camponesas ocorridos nessa região e a resistência dos agricultores na construção de mais de quinhentos assentamentos, como espaço de vida, numa região em que os projetos de desenvolvimento, não levam em consideração sua existência”.
Maura explica também, que a Semana Camponesa expõe os diversos interesses nas disputas no campo, no sudeste do Pará, e a violência, com a qual sempre foi tratada a problemática da terra no Brasil.
A Semana Camponesa também vai mostrar as conquistas dos assentamentos na região sudeste do Pará, que mesmo em situações adversas se organizaram, os agricultores disputaram territórios, e,neles reconstruíram espaços de socialização, com a construção de escolas, igrejas, cooperativas, ou seja, comunidades; termo frequentemente utilizado pelos moradores do campo, para designarem as localidades que nasceram dessas lutas.
Universidade no Campo - A organização da Semana Camponesa espera mobilizar a comunidade acadêmica a fazer uma leitura dos projetos de desenvolvimento que atualmente vêm sendo promovidos, problematizando nacional e internacionalmente a sustentabilidade do planeta, o que tem sido um discurso frequente nas diversas mídias, no entanto, no Pará e na região amazônica como um todo, tem havido a predominância de um modelo predatório de exploração dos recursos naturais e pouco tem se discutido os efeitos sobre as diversas formas de vida.
O evento contribui com a comunidade acadêmica quando insere a Universidade numa dinâmica social que a rodeia, no caso do sudeste paraense, uma região de conflitos agrários, região que recebe migrantes de todo o país e que possui mais de quinhentos assentamentos construídos a partir de inúmeras áreas ocupadas em busca de regularização fundiária.
“Dialogar com os movimentos sociais do campo, a comunidade acadêmica e pensadores da questão agrária no Brasil é construir um movimento de legitimidade da reforma agrária e demarcar um movimento contra a impunidade no assassinato de tantas lideranças que continuam ocorrendo até os dias atuais”, diz Maura.
A relação da Universidade com a comunidade camponesa, também é reafirmada pelo curso de Licenciatura Plena em Educação do Campo, existente desde 2009, no campus de Marabá, com propósito de formar professores para atuar na Educação no Campo; atualmente o curso possui quatro turmas em andamento.
Programação - Em 2012, a Semana Camponesa  tem como temática: “o direito a terra também é o direito à vida” , privilegiando debate sobre as questões ambientais e agrárias na luta pela terra no sudeste do Pará. Relembrando o assassinato da Dona Maria (estudante do curso de Pedagogia do Campo/PRONERA) e de José Cláudio, ambos líderes assassinados, pela defesa da floresta no assentamento em que viviam.
A programação da Semana Camponesa está organizada de uma maneira que possa primeiro sensibilizar o olhar de quem não vivenciou essa luta de perto, desta forma, foram organizadas exposições  que podem ser visitadas do dia 09 ao dia 13 de abril, no Campus I de Marabá; essas exposições foram intituladas: “Poemas Camponeses”, “Memória dos Nossos Mártires” e  “Saberes e Territórios em Disputas”.
Na terça-feira, dia 10, será exibido o filme “Cabra Marcado para Morrer” de Eduardo Coutinho às 16h; e às 19h será realizado um debate dos 50 anos da morte do líder da Liga Camponesa de Sapé (Paraíba) João Pedro Teixeira, assassinado em  1962, o debate contará com a  presença de João Pedro Stédile (MST Nacional) e do Professor Airton dos Reis, da Universidade Estadual do Pará – UEPA. Após o debate será feito o lançamento do dicionário da Educação do Campo pelos professores Paulo Alentejano, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ e Fernando Michelotti (UFPA). Outra mesa de diálogo ocorrerá na quinta-feira, 12, às 19h, com o tema Questões agrária e ambiental no sudeste do Pará: Luta das mulheres camponesas.

Link do filme “Cabra Marcado para Morrer” aqui.

Fonte:UFPA

Texto : Yuri Coelho – Assessoria de Comunicação
Foto: João Laet

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