Desde
2008, é realizada anualmente a Semana Camponesa; este evento éparte das
ações do Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Educação do Campo
(NECAMPO) da Faculdade de Educação, do campus UFPA/Marabá, em parceria
com diversos movimentos sociais do sudeste do Pará, dentre eles, o
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST, a Federação dos
Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura - FETAGRI e a Comissão
Pastoral da Terra - CPT.
Esta iniciativa foi criada para reavivar
a memória da luta pela terra, lembrando dos diversos assassinatos de
lideranças camponesas, como, Expedito Ribeiro e a família Canuto, em Rio
Maria, Dezinho, em Rondon do Pará, Irmã Adelaide, em Eldorado do
Carajás, Dona Maria e José Cláudio, em Nova Ipixuna. Tais massacres são
tristes lembranças na história da luta pela terra, no sudeste do Pará, e
antecederam o massacre de Eldorado dos Carajás, no dia 17 de abril de
1996, onde 19 sem terras foram mortos em uma ação da Polícia Militar do
Estado do Pará.
Semana Camponesa -
O objetivo do evento, segundo a coordenadora do NECAMPO, Maura Pereira
dos Anjos, é incentivar a discussão sobre as questões agrárias.
“Sentimos a necessidade de trazer essa temática para ser discutida na
comunidade acadêmica da UFPA/Marabá, junto aos movimentos sociais do
campo e com os demais interessados da sociedade em geral, fazendo uma
reflexão sobre a questão agrária, a violência no campo e das lutas
camponesas no sudeste do Pará. Além de reavivar nossa memória dos
inúmeros conflitos fundiários, os assassinatos de diversas lideranças
camponesas ocorridos nessa região e a resistência dos agricultores na
construção de mais de quinhentos assentamentos, como espaço de vida,
numa região em que os projetos de desenvolvimento, não levam em
consideração sua existência”.
Maura explica também, que a Semana
Camponesa expõe os diversos interesses nas disputas no campo, no sudeste
do Pará, e a violência, com a qual sempre foi tratada a problemática da
terra no Brasil.
A Semana Camponesa também vai mostrar as
conquistas dos assentamentos na região sudeste do Pará, que mesmo em
situações adversas se organizaram, os agricultores disputaram
territórios, e,neles reconstruíram espaços de socialização, com a
construção de escolas, igrejas, cooperativas, ou seja, comunidades;
termo frequentemente utilizado pelos moradores do campo, para designarem
as localidades que nasceram dessas lutas.
Universidade no Campo -
A organização da Semana Camponesa espera mobilizar a comunidade
acadêmica a fazer uma leitura dos projetos de desenvolvimento que
atualmente vêm sendo promovidos, problematizando nacional e
internacionalmente a sustentabilidade do planeta, o que tem sido um
discurso frequente nas diversas mídias, no entanto, no Pará e na região
amazônica como um todo, tem havido a predominância de um modelo
predatório de exploração dos recursos naturais e pouco tem se discutido
os efeitos sobre as diversas formas de vida.
O evento contribui com a comunidade
acadêmica quando insere a Universidade numa dinâmica social que a
rodeia, no caso do sudeste paraense, uma região de conflitos agrários,
região que recebe migrantes de todo o país e que possui mais de
quinhentos assentamentos construídos a partir de inúmeras áreas ocupadas
em busca de regularização fundiária.
“Dialogar com os movimentos sociais do
campo, a comunidade acadêmica e pensadores da questão agrária no Brasil é
construir um movimento de legitimidade da reforma agrária e demarcar um
movimento contra a impunidade no assassinato de tantas lideranças que
continuam ocorrendo até os dias atuais”, diz Maura.
A relação da Universidade com a
comunidade camponesa, também é reafirmada pelo curso de Licenciatura
Plena em Educação do Campo, existente desde 2009, no campus de Marabá,
com propósito de formar professores para atuar na Educação no Campo;
atualmente o curso possui quatro turmas em andamento.
Programação - Em 2012, a
Semana Camponesa tem como temática: “o direito a terra também é o
direito à vida” , privilegiando debate sobre as questões ambientais e
agrárias na luta pela terra no sudeste do Pará. Relembrando o
assassinato da Dona Maria (estudante do curso de Pedagogia do
Campo/PRONERA) e de José Cláudio, ambos líderes assassinados, pela
defesa da floresta no assentamento em que viviam.
A programação
da Semana Camponesa está organizada de uma maneira que possa primeiro
sensibilizar o olhar de quem não vivenciou essa luta de perto, desta
forma, foram organizadas exposições que podem ser visitadas do dia 09
ao dia 13 de abril, no Campus I de Marabá; essas exposições foram
intituladas: “Poemas Camponeses”, “Memória dos Nossos Mártires” e
“Saberes e Territórios em Disputas”.
Na
terça-feira, dia 10, será exibido o filme “Cabra Marcado para Morrer”
de Eduardo Coutinho às 16h; e às 19h será realizado um debate dos 50
anos da morte do líder da Liga Camponesa de Sapé (Paraíba) João Pedro
Teixeira, assassinado em 1962, o debate contará com a presença de João
Pedro Stédile (MST Nacional) e do Professor Airton dos Reis, da
Universidade Estadual do Pará – UEPA. Após o debate será feito o
lançamento do dicionário da Educação do Campo pelos professores Paulo
Alentejano, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ e Fernando
Michelotti (UFPA). Outra mesa de diálogo ocorrerá na quinta-feira, 12,
às 19h, com o tema Questões agrária e ambiental no sudeste do Pará: Luta
das mulheres camponesas.
Link do filme “Cabra Marcado para Morrer” aqui.
Link do filme “Cabra Marcado para Morrer” aqui.
Fonte:UFPA
Texto : Yuri Coelho – Assessoria de Comunicação
Foto: João Laet
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