quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Dia histórico: Dilma sanciona lei de cotas nas federais


Agora, estudantes lutarão por garantia da permanência dos cotistas com políticas de assistência estudantil
Durante a tarde de hoje (30/08), a presidenta Dilma Rousseff sancionou, com apenas um veto, a lei que destina 50% das vagas em universidades federais para estudantes oriundos de escolas públicas. A aprovação da lei é um passo inédito e transformador rumo à democratização da universidade e foi fruto de uma longa mobilização dos estudantes brasileiros.
A UNE, juntamente à UBES e ao movimento negro, vem articulando uma grande mobilização nacional para garantir a aprovação da lei, que culminou na sanção de hoje. Uma série de atos públicos, protestos de rua, campanhas virtuais e outras formas de manifestação vem sendo realizadas pelo país ao longo dos últimos meses.
Após a vitória de hoje, o movimento estudantil já tem um novo desafio: “Agora temos que construir as ações afirmativas por inteiro. Queremos permanência, acesso à pesquisa e pos-graduação”, afirmou o diretor de Combate ao Racismo da UNE, Cristian Ribas.
A garantia da permanência do estudante na universidade é uma das principais bandeiras de luta defendidas pela União Nacional dos Estudantes. No último dia 22 de agosto, o presidente da UNE, em reunião com Dilma Rousseff, defendeu a destinação de R$1,5 bilhão para o Plano Nacional desse setor (PNAES) como forma de garantir políticas nesse sentido.

SAIBA MAIS SOBRE A LEI

De acordo com a legislação sancionada, metade das vagas oferecidas serão de ampla concorrência, já a outra metade será reservada por critério de cor, rede de ensino e renda familiar. A cota racial será diferente em cada universidade ou instituto da rede federal. Estudantes negros, pardos e índios terão o número de vagas reservadas definido de acordo com a proporção dessas populações apontada no censo do IBGE de 2010 na unidade da federação em que está a instituição de ensino superior.
As demais vagas reservadas serão distribuídas entre os alunos que cursaram o ensino médio em escola pública, sendo que no mínimo metade da cota (ou 25% do total de vagas) deverá ser destinada a estudantes que, além de ter estudado em escola pública, sejam oriundos de famílias com renda igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita.
Segundo informou a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, Dilma fez apenas uma alteração no texto aprovado pelo Senado no último dia 7. Determinou que a seleção dos estudantes dentro do sistema de cotas seja feita com base no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Este era o último dia do prazo para sanção. A lei deverá ser publicada no “Diário Oficial da União” dessa quarta-feira (29), data a partir da qual começa a contar o prazo de quatro anos para as universidades se adaptarem à lei.
 Fonte:UNE com informações Portal G1

Plenária de Juventude



A UJS-PA convida a todos a participar da Plenária de Juventude da frente "Belém nas mãos do povo" com a participação de Edmilson Rodrigues e Jorge Panzera. Vamos mostrar que o PCdoB é o partido com maior inserção entre a juventude e quem de fato organiza a juventude em todos os seus espaços é a União da Juventude Socialista!Contamos com a presença de todos. Até a Vitória Sempre!

Local: Botequim
Data: 30/08(quinta) às 17H

Pará terá Comissão Estadual da Verdade




Pará terá Comissão Estadual da Verdade (Foto: Cristiano Martins/ Agência Pará)
(Foto: Cristiano Martins/ Agência Pará)
O Pará pode vir a ter a própria Comissão Estadual da Verdade. Foi o que sinalizou ontem pela manhã o governador Simão Jatene em audiência com os membros da Comissão Nacional da Verdade, que busca esclarecer fatos ainda obscuros em relação aos crimes contra a dignidade humana durante os períodos de exceção democrática no País, principalmente durante a ditadura militar de 1964 a 1984.
Ao relatar episódios em que vivenciou na pele a censura, por conta de uma música que compôs para uma peça de teatro e de uma cena da mesma apresentação, Jatene garantiu que irá encaminhar projeto de lei para a criação da Comissão estadual.
Quem irá articular essa proposta é o secretário de Justiça, José Acreano Brasil Júnior. A intenção do governador é chamar os líderes de bancadas para definir um projeto de lei com apoio suprapartidário. “Um povo sem memória não é povo, é população”, disse o governador.
“Foi uma agradável surpresa”, afirmou o professor Paulo Sérgio Pinheiro, membro da Comissão Nacional da Verdade. “Agora precisamos esperar que a Assembleia Legislativa aprove o projeto”. “A criação de uma comissão estadual é fundamental para que consigamos restabelecer a verdade. Conhecer a fundo esse período é necessário para que possamos internalizar esses fatos. Isso sedimenta a democracia”, afirmou o ex-procurador da República Cláudio Fonteles, também integrante da Comissão Nacional.
Além do encontro com o governador Simão Jatene, a Comissão Nacional da Verdade realizou à tarde uma audiência pública no auditório da Unama, com o objetivo de colher relatos de graves violações de direitos humanos, praticadas por agentes públicos, ocorridas no Pará, no período pós-1968.
Entre os depoimentos, o do ex-governador Aurélio do Carmo, 90, chamou a atenção. Recebido com aplausos, Aurélio do Carmo relatou a experiência de ter sido deposto pelos militares logo após o golpe militar de 64. “Fui apeado do poder, decretei luto oficial de três dias e desci as escadarias do palácio para retornar à vida privada. Foi o dia mais triste de minha vida”, afirmou.
O ex-governador credita o fato a quatro episódios. Ter estado com o comunista Luís Carlos Prestes, ter visitado a União Soviética e a Tchecoslováquia, países também comunistas, e ter o notório comunista Benedito Monteiro no quadro das secretarias de governo.
Relatos emocionados como o de Marga Rothe e de Eneida Guimarães também chamaram a atenção do auditório da universidade, lotado. Eneida afirmou ter sido vigiada pela Agencia Brasileira de Informações até 1988. Durante praticamente uma década Eneida foi militante clandestina, presa em Goiás. “Sofri tortura psicológica”, disse.
A militante do PCdoB lembrou ainda uma lista de paraenses mortos pela ditadura militar principalmente nos anos 70 que nunca tiveram uma resolução efetiva. Segundo o ativista Paulo Fontelles Filho, a vinda da Comissão da Verdade ao Pará é uma demonstração do esforço feito no estado nesse sentido. “É o quarto estado visitado pela Comissão da Verdade. Agora vamos trabalhar para criar a comissão estadual”, afirmou.
Fonte:(Diário do Pará)

Comissão da Verdade colhe depoimentos em audiência



 Audiência pública da Comissão Nacional da Verdade (CNV) teve saldo positivo em Belém. Na tarde de hoje (29) os membros da Comissão ouviram cerca de dez depoimentos de pessoas que podem ajudar a esclarecer violações dos Direitos Humanos praticadas no período da ditadura Militar, entre os anos de 1946 e 1985.
O encontro aconteceu no auditório do Campus Senador Lemos, da Universidade da Amazônia (Unama). Cláudio Fonteles e Paulo Sérgio Pinheiro, representantes da CNV ouviram testemunhos com caráter de denúncia e também como contribuições para a melhor compreensão do que foi esse período para o estado do Pará.
Egídio Sales, representante da Ordem dos Advogados e presidente do comitê paraense da CNV afirmou que os integrantes da comissão ficaram muito satisfeitos com o que ouviram aqui. “Os depoimentos foram diversificados, não focaram apenas na questão predominante dos desaparecimentos, mas também nos casos forçados, desestruturações de famílias e outras perseguições que aconteceram na época”, explicou.
No auditório lotado da universidade, o ex-governador Aurélio do Carmo foi uma das pessoas ouvidas, e relatou com emoção a sua deposição pelos militares logo após do golpe de 64, cumprindo um importante papel de reconstrução histórica dos fatos, como Sales.
Outras pessoas relataram também suas experiências, como militantes do PCdoB, ao viverem sob constante vigilância da Agência Brasileira de Informações, sofrerem com prisões arbitrárias e ameaças por suas posições políticas. Uma lista de paraenses mortos pela ditadura, em crimes até hoje não solucionados, também foi divulgada pelos participantes da audiência,   
O Pará foi o quarto estado visitado pela CNV, que deve programar ainda uma visita à região do Araguaia.
Comissão estadual
A vinda da CNV a Belém também rendeu frutos para o Pará. Em uma reunião com os membros da comissão, o governador Simão Jatene acenou sinalizou a intenção de criar uma Comissão Estadual da Verdade, com o mesmo objetivo de esclarecer violações dos Direitos Humanos praticadas no período da Ditadura Militar.
O governador Simão Jatene relatou os episódios de censura que vivenciou e presenciou, garantindo, por fim, que enviará o projeto de lei para a criação da Comissão estadual, que será articulada pelo secretário de Justiça, José Acreano Brail Júnior.
Fonte:(Marina Chiari/ DOL, com informações do repórter Ismael Machado)

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Consepe aprova reserva de vagas para comunidades quilombolas


O sistema de cotas da Universidade Federal do Pará passará a contemplar, a partir do Processo Seletivo 2013, as comunidades quilombolas, com acréscimo de duas vagas para cada curso de graduação. A decisão foi aprovada nesta segunda-feira, 27, em reunião do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe/UFPA), o qual também mantém a reserva de, no mínimo, 50% das vagas aos estudantes egressos da escola pública, além das cotas para negros, a criação de vagas para pessoas com deficiência e para povos indígenas.
O parecer do relator da Câmara de Ensino de Graduação e da Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (CEG/Proeg), apresentado durante a reunião do Consepe, foi  manter inalteradas as ações afirmativas destinadas ao ingresso de estudantes à UFPA até a sanção presidencial do Projeto de Lei Federal, que regulamenta o sistema de cotas sociais e raciais para as universidades públicas.
De acordo com o parecer, a Resolução nº 3.361, de 5 de agosto de 2005, do Consepe, reserva 50% das vagas a estudantes que tenham cursado todo o ensino médio em escolas da rede pública e, destas, 40% são reservadas a estudantes que, no ato da inscrição, se declaram negros ou pardos e optam por concorrer neste sistema de cotas.
Mas os membros do Conselho decidiram não esperar mais e incluíram as reservas de vagas para as comunidades quilombolas no PS 2013.  A Universidade mantém, ainda, a possibilidade de criação de duas vagas a mais, em todos os cursos de graduação, destinadas a candidatos indígenas e uma vaga para candidatos portadores de deficiência.
Processo Seletivo 2013 - O edital do Processo Seletivo 2013 também foi colocado em apreciação do Conselho. A expectativa de aumento do número de vagas é de cerca de 10% em relação ao PS 2012.
Entre os principais pontos de discussão, estão a flexibilização de 450 vagas para cursos nos Campi de Cametá e de Tucuruí e a proposta de adiamento da data da prova da UFPA, marcada para o dia 9 de dezembro, a qual corresponde à  segunda fase do Processo Seletivo. A primeira fase da seleção ocorrerá nos dias 3 e 4 de novembro, com a aplicação das provas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Os conselheiros do Consepe decidiram adiar por 15 dias a aprovação do Edital do PS 2013, o que não  altera o cronograma para o próximo vestibular.
Mobin e Mobex – Os conselheiros conseguiram aprovar os editais de Mobilidade Discente Interna (Mobin) e de Mobilidade Acadêmica Externa (Mobex). O objetivo desses processos seletivos é garantir o preenchimento de vagas ociosas, tanto àqueles interessados em fazer mobilidade de cursos internamente, quanto aos candidatos externos à UFPA. Os editais do Mobin e do Mobex estarão disponíveis a partir da próxima quarta-feira, 29, na página do Centro de Processos Seletivos (Ceps/UFPA).
Fonte:Assessoria de Comunicação da UFPA

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

#ForaDuciomar vai parar nos TT's do estado do Pará.


Na noite do último domingo dia (12) um grande twittaço dos estudantes, puxado pelo comando dos atos que vem sendo realizados contra o aumento da tarifa, colocou a hastag #ForaDucimoar nos assuntos mais comentados do estado do Pará. Um próximo ato será realizado na próxima terça-feira (14) saindo as 9:00h da escadinha da Doca rumo a Prefeitura de Belém, com um novo caráter o ato vai responder as agressões policiais sofridas na manifestação de quinta-feira(09) com muita arte e ainda mais pacificidade por parte dos estudantes. O objetivo do ato é atentar a população quanto ao caos que vive nosso município, em especial as precárias condições do transporte público e conscientizar que a culpa prioritária de tudo isso é do Prefeito Duciomar Costa que possui mais de 40 ações contra ele no Ministério Público por uso indevido do dinheiro público, vamos também com o intuito de garantir que sejamos atendidos ou que seja marcada uma audiência pública para colocarmos nossas reivindicações.

Vem pra UJS, vem pra luta também!

Terça-Feira (14/08)
Às 9:00h com saída da Escadinha da Doca.

Ato contra o aumento da tarifa! Amanhã as 09H na escadinha da doca



quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Professores da UFPA lacram reitoria com cadeado


Os professores da Universidade Federal do Pará lacraram a entrada da reitoria da Universidade, na manhã desta quarta-feira (08), como forma de radicalizar a greve, que já dura mais de oitenta dias. O movimento nacional é por melhores condições de trabalho e melhores salários.
Os portões foram fechados com cadeados por volta das 7h da manhã de hoje. Por volta das 10h da manhã, O reitor da UFPA tentou acessar o prédio, mas foi impedido de entrar pelos manifestantes. Os professores estiveram, durante toda a manhã, em assembleia da categoria no prédio da reitoria, para decidir os rumos do movimento.
Os professores prometem ocupar o prédio da reitoria até o final da tarde de hoje.
Outra paralisação - Também os servidores administrativos realizaram assembleia no estacionamento da reitoria, quando decidiram que não vão aceitar a proposta do Governo e mantiveram a paralisação. Pela proposta, o Governo daria um reajuste de 5% para a categoria a ser pago em parcela entre 2013 e 2015. 'Rejeitamos, em assembleia, essa proposta, pois acreditamos que o governo tem condições de lançar uma mais justa que essa', justificou o presidente do sindicato dos trabalhadores em instituições federais no Pará.

Fonte: Portal ORM

Estudantes ficam feridos em protesto contra passagem




Pelo menos cinco estudantes ficaram feridos em um protesto contra o aumento da passagem de ônibus municipal, na manhã desta quinta-feira (9), em frente ao Palácio Antônio Lemos, sede da Prefeitura de Belém. Houve tumulto e a Guarda Municipal usou bombas de efeito moral e disparou balas de borracha na direção dos manifestantes.

Um dos feridos foi o universitário Julio Miragaia. Ele foi atingido por uma bala de borracha no braço, caiu e ficou desacordado. O estudante foi atendido pelo Samu (Serviço Móvel de Urgência) e encaminhado ao hospital.

Outros quatro estudantes, sendo três homem e uma mulher também ficaram feridos, sendo atingidos por balas na perna e no braço. Eles também receberam atendimento pelo Samu e foram liberados em seguida.


Sobre o confronto com a Guarda Municipal, os estudantes disseram que vão fazer um B.O (Boletim de Ocorrência) contra a entidade. 'Eles utilizaram de brutalidade com os estudantes. Nós só paramos em frente à Prefeitura, e alguns estudantes que estavam atrás teriam jogado pedra contra eles. Então eles revidaram com balas de borracha e bombas de efeito moral. Muitos estudantes ficaram feridos. Agora vamos fazer um B.O contra a Guarda Municipal', explica Rodrigo Moraes, ex-vice presidente da (UNE) União Estadual dos Estudantes no Pará. Ainda segundo Moraes, os estudantes vão realizar novos atos contra o aumento da passagem.
O protesto reuniu 500 estudantes de escolas estaduais e universidades em represália ao aumento da tarifa de ônibus municipal.  Os estudantes queriam ser recebidos pelo Prefeito Duciomar Costa para uma possível negociação. Como parte do movimento eles interditaram a Avenida Portugal, esquina com a Rua 16 de novembro.

A manifestação começou às 8h da manhã, com saída da escadinha da Estação das Docas, rumo ao Palácio Antônio Lemos, sede da Prefeitura de Belém. Os estudantes reclamam que muitos pagam mais de três ônibus por dia. ' Esse aumento da passagem foi abusivo, pois o Prefeito o autorizou sem que a população participasse das discussões’, ressalta Pedro Ivo, aluno do Centro Acadêmico de História da UFPA.
Ele também reclama da atual situação do transporte na capital. ‘A passagem aumentou, mas o transporte continua precário e os rodoviários com salários defasados. Nós precisamos nos unir e fazer alguma coisa' disse.
Na semana passada, os estudantes fizeram um ato frente ao Ministério Público onde protocolaram uma ação contra o aumento da passagem de ônibus e estão aguardando o retorno.


Fonte:  Portal ORM
Fotos: Bruno Magno (Portal ORM)

Da luta não me retiro!

  
Camaradas, hoje fomos duramente reprimidos por exercer, pacificamente, nosso direito constitucional de se organizar e protestar contra mais essa injustiça social. Não descansaremos enquanto esse aumento não cair! Fomos protagonistas na luta
contra a repressão da ditadura militar. Muitos de nós, estudantes, indiguinados com falta de democracia, foram perseguidos, torturados e mortos! Lutamos em memória deles. Lutamos seguindo o exemplo de Edson Luíz, Honestino Guimarães... Lutamos porque somos jovens, lutamos porque não toleramos e nem toleraremos injustiças! Não serão sprays de pimenta e bombas de efeito moral que irão tirar da juventude a ânsia por uma sociedade justa e com direitos iguais para todos. Por isso, na próxima terça-feira, dia 13, seremos centenas, quiçá milhares de jovens, homens e mulheres, lutando para barrar esse aumento!

A recepção de Duciomar aos estudantes.

Os estudantes de Belém se reuniram em um grande ato nesta manha (9), para protestar contra o aumento abusivo da tarifa dos transportes publico, cerca de 1.000 estudantes estiveram presentes, o ato saiu da escadinha da estação das docas ate a frente da prefeitura.

Com muita empolgação e palavras de ordem os estudantes chegaram a frente da prefeitura de Belém, com o objetivo de serem recebidos pelo Prefeito Duciomar Costa, a assessoria do governo municipal veio nos comunicar não iríamos ser recebidos. Com muita irreverência e ousadia os estudantes ocuparam a Av. Portugal no sentido de pressionar para que fossemos recebidos, ao desocupar a avenida, estudantes voltaram para frente da prefeitura onde foram recebidos pela Tropa de Choque e Guardas Municipais com balas de borracha, spray de pimenta e bombas de efeito moral.

 

É inadmissível que atitudes irresponsáveis por parte da policia aconteçam desta forma, estávamos em frente à Prefeitura para protestar contra uma postura deste governo atrasado onde aumenta a passagem, uma ação que mexe com a população da Região Metropolitana, mas não é ouvida para tratar sobre o assunto.

Em meio a todos os ataques da Tropa de Choque e Guardas Municipais, vários estudantes saíram feridos e um foi detido, ate onde o movimento estudantil compreende , policia foi criada para bandidos e ladrões e não para estudantes que estão as ruas reivindicando seus direitos.

Repudiamos o fato ocorrido nesta manha, e dizer que a categoria estudantil esta acomodada e esse só foi um dos primeiros atos contra este aumento absurdo, vamos à terça feira (14) as 9h na escadinha da Estacão das Docas, mobilizar mais estudantes e convidamos a sociedade para somar a estas mobilizações estudantis, para que possamos tomar as ruas e dizer ao prefeito:

Mãos ao alto, mãos ao alto R$2,20 é um assalto!!!

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

UNE é homenageada pelo deputado João Ananias


Prestes a celebrar seu 75º aniversário, no próximo dia 11, a UNE (União Nacional dos Estudantes) recebeu ontem uma homenagem do deputado João Ananias (PcdoB-CE). Em pronunciamento à Câmara, Ananias fez um breve histórico do surgimento da entidade, sua importância na história do país e citou também algumas das contribuições que os estudantes já realizaram para as transformações sociais no Brasil.
Leia na íntegra o discurso:
“Sr Presidente, Sras e Srs Deputados
Venho com muita honra a esta tribuna hoje, para destacar o aniversário de 75 anos da UNE (União Nacional dos Estudantes), que acontecerá em 11 de Agosto próximo. A luta dos estudantes brasileiros tem início em 1901, com a fundação da Federação dos Estudantes Brasileiros. Já em 1910 foi realizado o Iº Congresso Nacional de Estudantes, em São Paulo.
Com a Revolução de 1930 e a intensa politização em nosso País, culminou com a criação da UNE, em 11 de agosto de 1937. Destaca-se com atuação marcante contra o Nazi-Facismo, na Segunda Guerra mundial. No pós-guerra engaja-se na campanha “O petróleo é nosso”, que se estende até 1953, quando foi fundada a Petrobras. Participou ativamente da “Campanha da Legalidade”, para garantir a posse do Presidente João Goulart, em 1961, após renúncia de Jânio Quadros. Com a ditadura militar recém-instalada, uma das suas primeiras ações foi a invasão e incêndio da sede da UNE na praia do Flamengo.
O assassinato do estudante Édson Luis e a invasão do Congresso da UNE em Ibiúna (SP), com a prisão de mil estudantes, além das torturas, demonstravam que os militares intensificavam a repressão. O que não arrefeceu a determinação contra a ditadura.
A reestruturação da entidade se inicia com o Congresso de Salvador, em 1979. Com a redemocratização no Brasil, a UNE volta sua atuação para as principais demandas da nossa juventude. Realizando caravanas e grandes bienais valorizando áreas como Ciência, Tecnologia e Esporte. Participando em movimentos de estudantes negros, mulheres, gays, lésbicas e outros grupos. Sua participação nas “Diretas Já” e a defesa do ensino público e gratuito, são marcas profundas em sua história. Na caravana em 2008, pautou temas como Saúde e qualidade de vida da população jovem brasileira.
Recentemente, tivemos duas grandes conquistas, bandeiras importantes da UNE: a aprovação da PEC da Juventude, no Congresso Nacional e da Emenda ao Projeto de Lei do Pré-sal, que garante 50% do fundo social exclusivamente para a Educação.
Pela sua memorável história, construída nesses 75 anos, queremos homenagear a todos que durante esse tempo, participaram dessa honrosa construção, em nome do Daniel Iliescu, atual Presidente da UNE e de toda a diretoria, solicito baseado nos termos do art. 117, inciso XIX e § 3°, do Regimento Interno da Câmara Federal, votos de congratulações a União Nacional dos Estudantes, pela passagem dos seus 75 anos de existência.
Era só Sr Presidente, solicito que meu pronunciamento seja publicado nos meios de comunicação desta casa.”
Deputado Federal João Ananias – PC do B/CE.
Fonte: ujs.org.br

Professores da UFPA decidem continuar em greve

Após uma assembleia realizada no hall da reitoria da Universidade Federal do Pará (UDFPA), na manhã desta sexta-feira (3), ficou decido, por unanimidade, que a greve dos professores continua.


“Vamos continuar com a manutenção da greve e agora de uma maneira mais radical”, afirmou Rosimê Meguins, diretora geral da Associação de Docentes da Universidade Federal do Pará (Adufpa).
Foram 70 docentes que participaram da votação, além da presença de alunos e técnicos, que também apoiaram a continuidade do movimento grevista.“Vamos pedir para que seja retomada a negociação. Até mesmo pelo fato de que o Superior Tribunal de Justiça não assinou o termo de acordo”, disse Rosimê Meguins.
A diretora geral da Adufpa também ressaltou que a entidade que assinou a concordância com a proposta, no caso a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais (Proinsfe), não representa a base. “De quatro entidades, não é aceitável que apenas uma tenha concordado. Inclusive ontem, a Universidade da Bahia, que o Proinsfe diz representar, decidiu continuar com a greve”.
Até o dia 7 de agosto serão realizadas diversas assembleias em todo o país e no dia 8, as opiniões serão reunidas, para que possa ser dada a entrada no pedido de retomada dasnegociações.
Fonte: DOL

"Eu e a Une" os pequenos grandes personagens dos 75 anos, participe!


UNE recolhe histórias de vida, relatos, fotos ou videos das pessoas que, de alguma forma, mudaram seus destinos no movimento estudantil
Setenta e cinco anos são três quartos de século, um tempo superior à expectativa média de vida do cidadão brasileiro atualmente, sete décadas e meia. A idade alcançada pela União Nacional dos Estudantes (UNE) no próximo dia 11 de agosto lhe rende, facilmente, espaço entre as instituições mais tradicionais do país, com história e experiência de sobra para condensar.
Contudo, à parte dos registros oficiais da entidade cristalizados em livros, filmes e páginas de jornais de tantas épocas, a UNE orgulha-se de estruturar a sua verdadeira história sobre um fantástico emaranhado de vidas, sonhos, casos, ideias e ações individuais de quem está ou já esteve no movimento.
Portanto, os grandes personagens dessa saga, além de Honestino, Édson Luiz, Helenira, Vanucchi, são também Lucas, Antônio, Rosana e outros tantos que resolveram contar quem são para a campanha “Eu e a UNE 75 anos”, enviando seus relatos em texto, foto ou video para o e-mail redacao@une.org.br.
A campanha começou na última terça (31) e tem o objetivo de valorizar essas figuras anônimas e especiais que, de alguma forma, tiveram suas vidas transformadas pela UNE e também transformaram muita coisa a partir do movimento estudantil.
Conheça um pouco dessas histórias: 

LUCAS, A EXOBIOLOGIA E A PRIMEIRA BIENAL

Em 1999, a UNE iniciou o ousado projeto das Bienais, encontros de estudantes de todo o país para valorizar a produção cultural, de ciência e tecnologia dos universitários brasileiros. Atento e disposto a participar, o novato do curso de Geologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Lucas da Arcela inscreveu um trabalho na área de exobiologia. Não imaginava que sua proposta seria selecionada e o quanto o encontro seria importante para o seu futuro profissional.
“Fui pego completamente de surpresa, durante uma celebração com amigos, ao receber uma carta da UNE me informando que meu trabalho havia sido aprovado. Quando abri e li a carta, em meio à festa, a comemoração foi muito euforica!!”, relata. Atualmente ele coordena grupos e páginas de ciência e de exobiologia no estado da Bahia.

ROSANA ENROLADA NA BANDEIRA E AS DIRETAS JÁ

Ela diz que fez parte da UNE por 20 anos, mas faz questão de lembrar-se de um, o ano de 1984. Naquele momento crucial para o futuro do país, a então estudante paulista Rosana Di Giácomo engrossava as fileiras das manifestações pelas Diretas Já no estado. Em seu relato, ela relembra os momentos tensos e de luta em um protesto na cidade de Bauru.
“Quando chegamos na praça Ruy Barbosa, ponto final do ato, o Romeu Tuma (então superintendente da Polícia Federal no estado) estava presente e o exército pronto para nos reprimir. Foi então que, a uma só voz começamos cantar o hino brasileiro e nos enrolamos na bandeira nacional para não sofrermos nenhum tipo de agressão. Os soldados recuaram.”, relembra.

ANTÔNIO, A DIREÇÃO PROVISÓRIA E A RECONSTRUÇÃO DA UNE

A força da unidade na diversidade sempre foi a grande marca da União Nacional dos Estudantes. Esse patrimônio moral e institucional da UNE, em abrigar democraticamente todas as inúmeras correntes organizadas da juventude foi colocado à prova em momentos extremos de sua história, como o seu congresso de reconstrução no ano de 1979 em Salvador.
O então estudante gaúcho Antônio Escosteguy, que estava presente, enviou um relato impressionante e competente sobre o esforço daquela geração em cumprir com todas as determinações democráticas e plurais do movimento estudantil, mesmo sob fortíssima repressão do regime militar ainda instituído. Houve, inclusive, a necessidade de constituir, antes da eleição da nova diretoria, uma direção provisória, da qual ele participou, para que o processo de reconstrução fosse o mais correto possível:
“Decidido que as eleições seriam diretas , e todos sabendo que este era um processo que levaria algum tempo para ser organizado , vinha a questão de como dirigir a entidade até lá. Foi deliberado, então, criar uma Direção Provisória (DP) , formada não por pessoas, mas por entidades, que indicariam seus representantes”.
Orgulhoso – com muita razão – dessa sua atuação, ele relatou as diversas dificuldades enfrentadas por esse grupo e enviou uma foto histórica do grupo reunido.

PARTICIPE TAMBÉM COM SEU RELATO, FOTO OU VÍDEO!

Para celebrar esses 75 anos, a UNE quer conhecer as histórias daqueles que caminharam com a entidade e tiveram suas vidas marcadas e mudadas pela militância no movimento estudantil. Participe da campanha “Eu e a UNE 75 anos”
Paixões, grandes amizades, momentos inesquecíveis, encontros inusitados, curiosidades, são muitas as possibilidades de relatos. Quando e qual foi sua vida na UNE? Mudou a história da sua cidade, do seu estado com uma passeata? Encontrou seu grande amor em um Congresso ou Bienal? Fez amigos do outro lado do Brasil? Convidamos a todos a compartilhar um relato pessoal, uma foto sua ou um vídeo de você na UNE.
Os melhores relatos vão para as redes da UNE no dia 11 de agosto e seus autores ganharão um kit com livros, filmes e uma bandeira.
Participar é muito simples: envie um e-mail para redacao@une.org.br com o o relato ou o registro.
Artênius Daniel 

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Bolívia anuncia falência de McDonald’s e expulsa Coca-Cola de seu território



Como resultado da oposição de Evo Morales ao que seu governo chama de imposições gastronômicas norte-americanas, McDonald’s e Coca-Cola encerrarão todas as suas atividades na Bolívia até o final deste ano.
Se, de um lado, a rede de fast foods McDonald’s anunciou sua falência após “14 anos de tentativas infrutíferas de se instalar na cultura local”, de outro, a Coca-Cola foi formalmente expulsa do território e terá até o próximo dia 21 de dezembro para encerrar totalmente sua operação.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, a decisão “estará em sintonia com o fim do calendário maia e fará parte das celebrações do fim do capitalismo e do início da cultura da vida”.
Ao lado do presidente Evo Morales, o chanceler acrescentou que “o dia 21 de dezembro de 2012 marca o fim do egoísmo e da divisão”. Por essa razão “o 21 de dezembro tem que ser o fim da Coca Cola e o começo do mocochinche (refresco de pêssego)”.
Além de critérios culturais, o governo também recorreu a questões de saúde pública, alegando que a Coca Cola, bem como a maioria dos refrigerantes industrializados, contém diversas substâncias capazes de gerar infartos e câncer.
Com a falência dos oito restaurantes que existiam no país, a Bolivia se tornará a segunda nação latino-americana a não possuir unidades do McDonald’s e o primeiro país do mundo onde a companhia foi obrigada a fechar por conta de mais de uma década de contabilidade negativa. O primeiro país a extinguir a maior rede de fast-foods do mundo no continente foi Cuba.
A disputa entre Morales e Coca-Cola começou nos primeiros meses de 2010, quando o presidente anunciou o lançamento de uma bebida totalmente boliviana, a Coca-Colla. O projeto tinha como objetivo legitimar o consumo da folha de coca.
No que diz respeito ao caso do McDonald’s, o modelo produtivista dos fast-foods nunca prosperou na Bolívia. No país, são muito fortes rituais gastronômicos que vão desde a decisão do que as famílias irão comer até o preparo conjunto dos alimentos.
Fonte: Opera Mundi

Safatle: juventude perdeu o medo do capitalismo





Em entrevista a estudantes de jornalismo da PUC-SP, o filósofo Vladimir Safatle fala sobre os valores predominantes na juventude atual, que hoje são tidos como “despolitizados” por não irem às ruas protestar, como fizeram as gerações passadas. Essa visão é contestada por ele, que define essa geração com0 a mais politizada dos últimos 30 anos.
Você consegue imaginar por que é a geração da juventude de hoje, e não a que viveu ou ainda pegou o resto da ditadura, que está promovendo os esculachos contra agentes do regime militar?
Safatle: Porque esta é uma das gerações mais politizadas que tivemos nos últimos trinta anos. Contrariamente ao que algumas pessoas querem nos fazer acreditar, não vivemos num processo irreversível de despolitização juvenil. Acredito exatamente no contrário. Acho que a geração que hoje tem vinte, vinte e poucos anos, é muito mais politizada do que a minha, de pessoas que hoje têm quase quarenta. A minha era de pessoas que tinham como maiores preocupações ascender socialmente no mercado, fazer curso de publicidade, entrar no departamento de marketing… As preocupações políticas eram nulas. Existia todo um discurso de que as ideologias haviam terminado, havíamos chegado ao fim da história e não havia outra forma de vida possível, a não ser a institucionalizada pelas sociedades capitalistas avançadas.
A atual, é uma geração que vive a experiência da crise social, de uma crise econômica mundial (mesmo que o Brasil seja um caso à parte). Há um esgotamento da confiança na democracia parlamentar, a ascensão da extrema direita, o retorno do racismo e da xenofobia: são questões de profunda natureza política. É muito normal que uma parcela de jovens, no Brasil, volte-se para o que resta da ditadura, seu legado, a impossibilidade de saber que há um acerto de contas com os crimes do passado; e que faça mobilizações como as que começamos a enxergar.
Isso também demonstra algo interessante: as sociedades nunca esquecem. Até hoje, fala-se no genocídio armênio, há mais de cem anos. As experiências das ditaduras podem ser simbolizadas, quando você encontra uma inscrição simbólica adequada para este tipo de experiência. Como isso não existiu no Brasil, dá-se um fenômeno descrito por Lacan: o que é expulso do simbólico, retorna no real, e de forma violenta. Como nunca tivemos uma inscrição simbólica da violência da ditadura, ela volta agora sob a forma do desprezo, que várias parcelas da juventude têm a figuras que cometeram crimes contra a humanidade. Estamos falando do uso do aparato do Estado, da tortura, assassinato, estupros, ocultações de cadáver e coisas desta natureza.
Mas esta manifestação civil não chega em uma instância oficial do Estado. Você acha que ela também pode contribuir para que surja um debate sobre o tema?
Safatle: Acho que demonstra claramente a existência de um desconforto social – e é o primeiro passo. O argumento de quem quer esquecer a qualquer custo é que a sociedade já se pacificou e reconciliou, não haveria nenhuma razão de o Estado intervir em um processo resolvido. Essas manifestações demonstram que tudo isso é falso, uma mentira, a reconciliação foi extorquida. A própria Lei da Anistia é um exemplo claríssimo: foi votada só por membros do partido do governo. A oposição não se reconhecia de no projeto. Que tipo de acerto é esse? Conseguiram extorquir a reconciliação, e querem fazer passar a ideia que ela resultou de ampla negociação por debate. Sem contar que as instâncias de justiça de transição, no mundo inteiro, são completamente contrárias à de uma anistia autoconcedida. Os militares concederam anistia para si mesmos. Isso é, em qualquer situação, uma aberração jurídica.
Você acha que o fato de isso aparecer no momento que o estado brasileiro está se organizando para instaurar uma Comissão da Verdade revela um desconforto?
Safatle: É uma maneira de pressionar o debate, tentar impedir que a Comissão da Verdade seja uma farsa, como tudo indica que pode ocorrer. É uma comissão esvaziada, tem apenas sete membros. Vai operar sem poder de mandar material para a Justiça, pois, a princípio, sua função é descobrir o que realmente aconteceu. Essa é uma questão importantíssima: não sabemos o que aconteceu. “Existem quatrocentos e poucos mortos”. Quem disse que foram quatrocentos e poucos? Isso foi o que a gente conseguiu descobrir.
Num processo de Comissão da Verdade, os crimes vão aparecendo. Quem nos garante que não aconteceu no Brasil algo como na Argentina: sequestro de crianças, essa brutalidade que é, para mim, o pior dos crimes. Entrega-se os filhos dos torturados para os torturadores. Corta-se a possibilidade de memória da dor. Esse lado maquiavélico da ditadura argentina coincide com a pior experiência do nazismo. Primo Levi dizia que a pior frase que ouvira, quando estava no campo de concentração, era a de um oficial nazista: “tudo o que a gente fez é tão inacreditável, que ninguém vai ouvir ou acreditar no que você disser. E a gente vai apagar todos os rastros”.
Você percebe uma mudança na forma, na estética dos esculachos para os movimentos na época da ditadura?
Safatle: Com certeza. Você tem a identificação clara de um indivíduo e uma pressão, um movimento claro de desprezo. É um recado: “você pode conseguir segurar algumas coisas na imprensa e escapar de tudo, menos do o desprezo social”. É completamente distinto das manifestações que ocorreram no período militar, de luta contra um aparato repressivo. Temos agora consciência de como o reconhecimento social é central na vida política. Retira-se o reconhecimento social ao dizer: “Você não pode ser um cidadão de plenos direitos. Você é um criminoso”.
Você enxerga uma relação entre a mudança de ativismo no Brasil e o movimento Occupy, que propõe uma nova forma de se manifestar?
Safatle: Há algo em comum: todos estes movimentos são feitos à margem de partidos. As estruturas partidárias – pelo menos as grandes – não têm mais força alguma parra mobilizar as pessoas. E os pequenos partidos cobram caro pela mobilização: um tipo de adesão que acredito que boa parte dos jovens não está disposta a dar, pelas melhores razões. Eles não querem virar instrumentos para uma lógica partidária. Essas mobilizações se fazem em torno de temas: você se organiza para certos objetivos, cria estruturas ou fóruns ligados a eles; depois, eles se dissolvem. É bem provável que isso seja cada vez mais utilizado.
O Occupy forneceu um modelo para este tipo de processo. Mas… o que eles conseguiram? Francamente, não é esta a questão. O ponto de vista por trás de tal pergunta é muito rasteiro. “ – Deu um resultado logo em seguida? – Não. – Então, não deu resultado algum”.
Não faz sentido: às vezes os resultados precisam de anos. Um primeiro movimento produz um desdobramento aqui, outro ali… Lá na frente, anos depois, você vai enxergar resultados mais concretos. Essa visão de ato e reflexo, bate aqui e vê se acontece alguma coisa ali, é a antipolítica por excelência. Acho que os movimentos foram muito bem-sucedidos. Eles tensionaram um acordo que parecia intocável, forneceram o modelo de um processo de mobilização e isso não terminou.
No Chile há, até hoje, grandes manifestações sobre a educação, 400 mil pessoas nas ruas contra o governo, por uma escola pública de qualidade. O processo é mesmo lento, ninguém ache que vai conseguir modificar o tabuleiro do xadrez do debate político de um dia para a noite, mas toda grande caminhada começa com um passo – e ele foi dado.
Penso numa frase de Deleuze, segundo a qual os jovens necessitam muito ser motivados. Nossa geração pede isso. Você não acha que falta uma noção maior do que tudo isso representa?
Safatle: Isso é muito normal, porque tivemos um esgotamento das grandes explicações. Não porque estivessem completamente erradas, mas estavam parcialmente erradas. Não deram conta de uma série de processos ocorridos nos últimos vinte, trinta anos. É normal que você precise reconstruí-las agora, em novas bases. Aquilo que um dia Jean-François Lyotard chamou das grandes metanarrativas. Tem um lado certo e um errado, da crítica que fazia. Ele disse que as grandes metanarrativas, a ascensão proletária, o movimento revolucionário, a teleologia histórica, isso tudo era um grande equívoco.
Eu diria que não foi um pequeno equívoco. Você não pode abandonar perspectivas de largo desenvolvimento histórico. Do contrário, os acontecimentos ficam completamente opacos, você torna-se incapaz de enxergá-los. Os fatos parecem vir no ritmo do acaso, da completa contingência.
No entanto, existe o espaço da contingência. Ou seja, há acontecimentos completamente imprevisíveis, que exigem uma reformulação ampla dessa perspectiva de análise histórica. Isso não aconteceu. Eu diria que uma tarefa atual é compreender o lugar da contingência no interior de uma dinâmica onde a necessidade vai se construindo. Ninguém enxerga muito bem o que está acontecendo, isso só é possível depois. Em certos momentos da história, algumas pessoas conseguem mobilizar mais e dizer: “vejam, existe uma abertura, um desfiladeiro. A gente consegue passar por aqui”.
Falta acreditar que os processos abertos não necessariamente terminam em catástrofe. A gente absorveu muito essa ideia: se quisermos grandes mudanças, provocaremos catástrofes. Segundo tal lógica, só estaríamos seguros no presente – por mais que o detestemos e o julguemos insuportável. Espero que esse raciocínio desapareça o mais rápido possível. Ele expressa a cultura do medo: você não projeta nada para frente. Você se rende ao presente.
Nos momentos de crise, há tanto busca de novos referenciais, quanto retorno do autoritarismo. Num país como o Brasil, em que as correntes conservadoras são muito fortes, não há risco de que esta segunda posição prevaleça?
Safatle: Essa é uma luta que existe no Brasil hoje. Nosso debate político é hoje cultural. Os projetos econômicos são mais ou menos iguais. Existem distinções, mas não são enormes, reais. Ninguém prega grandes reformas. Nenhum partido importante sugere: “vamos fazer uma democracia plebiscitária”. Há um grande consenso.
Onde está o debate político? Está no campo da cultura, dos costumes, dos hábitos. O aborto virou um dos temas mais importantes do Brasil. Casamento homossexual, todos os outros problemas ligados à modernização dos costumes.
Isso tem um lado bom. A gente está brigando por formas de vida distintas. Mas isso também demonstra que o debate centrado na cultura sempre tocou muito mais os jovens e sempre é um debate da esquerda. Hoje, há uma direita cultural, um pensamento cultural de direita forte, conservador, que consegue mobilizar camadas da juventude. Julgo isso algo muito grave, mas lembro que é característica de todos os processos históricos ricos: a juventude dividindo-se ao meio. Há uma ala conservadora, outra progressista. Na época da ditadura militar, esse processo era muito claro.
A França viveu uma eleição agora. Um partido de extrema-direita ficou em terceiro lugar – e em primeiro, nos votos dos jovens entre 18 e 25 anos. Por que? Eles trazem questões culturais: imigração; nossos valores; nossa forma de vida; nossa religião contra a religião “atrasada” dos “outros. São debates que estão, de uma maneira ou de outra, chegando no Brasil. A gente precisa se preparar para isso, também. Para uma divisão que vai ocorrer, de maneira cada vez mais forte. Não há como escapar dela.
Você conseguiria apontar quais são alguns agentes dessa direita cultural?
Safatle: Existe uma proliferação de blogues de extrema-direita no Brasil, que a juventude lê. São colunistas de jornal, que se assumem claramente como conservadores. Isso não deve ser negligenciado: é um fenômeno que veio para ficar.
Significa o quê? Que o debate cultural deve ser feito com toda a força. A discussão sobre a memória é um aspecto decisivo. Que tipo de sociedade queremos? Uma sociedade que acredita que, esquecendo crimes do passado, você tem um presente melhor? Uma sociedade que tem medo de fazer memória? Onde você publica um artigo sobre a ditadura na internet, e surgem 150 pessoas comentando como era fantástica a vida naquele tempo, como pelo menos não tinha corrupção?
Há um preceito liberal que se chama “Direito de Resistência”. Não está em Lênin, mas em Locke, que era a favor do tiranicídio. Dizia: “se um tirano usurpa os seus direitos, as liberdades individuais e as liberdades sociais, ele merece a morte”. Isso está também no Rousseau – ou seja, na tradição liberal do pensamento político. Se algumas pessoas têm a coragem de usar a famosa teoria dos dois demônios,segundo a qual havia terroristas de esquerda e de direita, elas colocam-se aquém da perspectiva liberal de política.
Que tipo de sociedade essas pessoas procuram realizar no presente? Penso que não é mais possível admitir mais esse tipo de situação. Eles querem dizer que, mesmo numa ditadura, a violência contra o Estado não é aceitável. Para mim, é uma das proposições mais antidemocráticas que se possa imaginar. Na década de 1920, greve era um crime. Mas foi graças a esse crime que os direitos trabalhistas foram universalizados.
Uma esquerda mais clássica, organizada em partidos, fala numa disputa entre hegemonia e contra-hegemonia – e sugere disputar instituições como a mídia, o governo, o parlamento. Este tipo de opinião pode enfraquecer os movimentos da juventude que procuram uma saída não-institucional e novas formas de política?
Safatle: Acho que não – e é um ótimo tema. Há momentos em que você precisa saber como se organizar institucionalmente. A Primavera Árabe demonstra isso claramente. Começou, sempre, com movimentos jovens: na Tunísia, diplomados desempregados; no Egito, o movimento 6 de Abril, composto por jovens de várias tendências políticas. Conseguiram resultados imediatos mas, na hora de gerir o processo, não existia uma estrutura institucional, uma organização. Quem colheu todos os frutos do processo foram os partidos islâmicos, mais organizados e com capilaridade popular.
Qual o modelo de organização para grupos que não admitem o partido como a figura clássica de organização? Uma nova estrutura política? Frentes mais flexíveis? É algo que precisaremos, em algum momento, responder. Do contrário, todas as estruturas institucionais serão dominadas por aqueles que já sabem operá-las. E elas não vão desparecer. O Estado, as eleições, os sindicatos não vão desaparecer.
Novas instituições poderiam superar as que existem agora? Poderíamos imaginar a fundação de um novo Estado e uma nova forma sociedade? Ou é muita pretensão?
Safatle: Sempre fui firmemente contrário ao slogan “mudar o mundo sem tomar o poder”, de John Holloway. Os donos do poder agradecem: se tal postura prevalecer, irão atrapalhar todas as nossas tentativas de mudar o mundo: não conseguiremos fazer nada.
Não existe política completamente à margem da estrutura institucional, da mesma maneira como não se pode fazê-la só dentro das instituições. Há uma região limítrofe, que é necessário saber operar. Precisamos ir além do pensamento binário, do “ou totalmente fora, ou totalmente dentro”. Há algo no meio do caminho, que você opera pressionando de fora. Isso, ainda não conseguiu constituir. Só há um grupo que conseguiu fazer isso: os lobistas. Os lobbies estão semi-institucionalizados. Operam de fora, forçando a estrutura institucional. É necessário uma espécie de lobby popular, que seja contraponto ao lobby econômico.
Pensei no texto “O que é ser contemporâneo?”, do Giorgio Agamben. Ele sugere reconhecer a época em que vivemos, assumir que ela tem instituições, e ao mesmo tempo negá-la, querer deixá-la. É isso que inspira a juventude?
Safatle: Sim, com certeza existe essa região limítrofe que é necessário saber operar. Volto a insistir: o Estado, os partidos e o parlamento não vão desparecer. No entanto, você pode operar as estruturas políticas em outras chaves. Forçar a democracia plebiscitária, esvaziar atribuições do parlamento, transferir decisões para a população, ativando processos de democracia direta.
Qual é a estratégia de desmobilização? É dizer: “ou você está dentro do Estado de Direito, ou você está fora; ou aceita a estrutura institucional tal como ela é hoje, ou está completamente fora e portanto faz apologia da ditadura”. Não existe isso.
Você pode perfeitamente admitir que algumas estruturas vão continuar e, ao mesmo tempo, construir processos de transferência direta de poder. Esse me parece o grande desafio ao pensamento político atual. Como a gente constrói, como dá figura para as demandas de democracia real? Há muitos exemplos. Um deles: a Islândia foi um dos primeiros países a mergulhar na crise econômica europeia. Bancos islandeses tomaram dinheiro emprestado nos Países Baixos e Inglaterra. Quando quebraram, a Inglaterra e os Países Baixos apresentaram a conta ao governo islandês: os bancos eram privados, mas a conta foi para o Estado. O parlamento se dobrou, aceitando a conta bilionária. A população – pequena, em torno de 250 mil habitantes – teria de pagar durante cinquenta anos a dívida dos bancos.
Bem, havia um presidente, um pouco mais sensato, que lembrou uma regra da Constituição islandesa, segundo a qual os presidentes têm o direito de consultar a sociedade, antes de promulgar leis. Convocou-se um plebiscito: o povo foi chamado a votar se queria ou não pagar a dívida. Pode-se imaginar o terrorismo: em caso de não-pagamento, dizia-se, o país iria converter-se em pária internacional.
Mas o povo disse não. Hoje, a Islândia está melhor do que todos os outros países que entraram na crise à mesma época: Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda. Isso ensina que é possível politizar a economia, tirar poderes indevidos. Alegar que um parlamento sozinho não pode decidir uma questão tão central como essa. Um parlamento é composto de pessoas que têm as eleições pagas por bancos… O parlamentar deve para o banco: há uma nova eleição daqui a quatro anos e ele sabe que, se votar contra, não tem mais financiamento, não vai ser reeleito. Como uma pessoa dessas pode tomar esse tipo de decisão?
Mas no caso da Espanha, por exemplo, os indignados não conseguiram construir alternativas como essa. O movimento caminha nessa direção?
Safatle: Na Islândia, já havia o mecanismo institucional. Tiveram a sorte de contar com um presidente um pouco mais sensato, que deu realidade ao processo. Mas é um dado extremamente interessante, porque pode ser transformado em bandeira: “quero que na Espanha a lei islandesa seja aplicada”. É possível fazer o mesmo em várias outras situações. Você tensiona o debate. Os conservadores reagirão: “a população não pode decidir sobre essas coisas, são muito complexas, só tecnocratas têm que decidir”.
“Mas, então, fala, fala na nossa frente: só tecnocrata de banco vai decidir o que vão fazer com o nosso dinheiro?” Vamos ver o que vai acontecer. Este é um recurso muito importante: você obriga o poder a falar os seus absurdos, que ele normalmente não tematiza. Todo mundo sabe que quem decide é tecnocrata, mas ninguém fala. Quando certas coisas são ditas, algo acontece, mesmo que exista um acordo tácito entre as pessoas. Por isso, uma questão política central é obrigar o poder a falar, colocá-lo contra a parede.
Entrevista a Beatriz Macruz, Guilherme Zocchio e Rute Pina*
*Estudantes de jornalismo da PUC-SP e colaboradores de Outras Palavras