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O Sábado Resistente deste mês será dedicado aos 40 anos da Guerrilha do Araguaia, considerado o maior movimento armado brasileiro de contestação ao regime militar. A resistência dos combatentes do Araguaia durou mais de dois anos e envolveu um efetivo de mais de 10 mil militares do Exército.
“A Guerrilha do Araguaia é um exemplo de
luta, não apenas dos comunistas, mas de todo brasileiro que não
aceitava a ditadura. Grande parta dos combatentes do Araguaia eram
jovens provindos do movimento estudantil. Estudantes de medicina,
engenharia e artes que abandonaram a cidade para viver com o povo
simples da região do Pará. Um exemplo de dedicação às causas populares”,
explica o secretário-geral da Fundação Maurício Grabois, o historiador
Augusto César Buonicore.
O evento, promovido pelo Núcleo de
Preservação da Memória Política e pelo Memorial da Resistência de São
Paulo, acontece no próximo sábado (14), a partir das 14 horas. Buonicore
lembra que em função dos desaparecidos políticos, a Guerrilha do
Araguaia ainda é uma página de nossa história que não foi virada.
“Mais de 60 corpos de guerrilheiros
nunca foram devolvidos às suas famílias. Essa é a maior concentração de
desaparecidos em um único evento da história brasileira”. Buonicore
reforça que ao comemorar 40 anos da Guerrilha retoma-se ainda a questão
da luta para que seja revelado o que aconteceu com aqueles brasileiros,
as condições de seus assassinatos e o destino de seus restos mortais. “A
intenção é também reverenciar os combatentes mortos no Araguaia”,
enfatiza.
O evento terá a participação do
professor da Universidade Federal de Goiás e autor do livro “Guerrilha
do Araguaia: a esquerda em armas”, Romualdo Pessoa Campos Filho. Também
participam o procurador da República em Ribeirão Preto e integrante do
Grupo Direito à Memória e à Verdade do MPF, Andrey Borges de Mendonça e o
secretário nacional de Justiça e presidente da Comissão de Anistia do
Ministério Justiça, Paulo Abrão. Eles farão uma breve exposição sobre a
história do Araguaia e o andamento dos processos em relação aos
desaparecidos políticos.
O guerrilheiro do Araguaia e presidente
da União Paulista dos Estudantes Secundaristas, Antônio Guilherme
Ribeiro Ribas — assassinado pela ditadura militar —, familiares de
mortos e desaparecidos durante a Guerrilha serão homenageados na figura
de José Dalmo Ribeiro Ribas — irmão de Antônio. Em nome dos camponeses
da região, o presidente da Associação dos Torturados da Guerrilha do
Araguaia, José Moraes Silva (o Zé Onça), receberá um tributo.
O procurador da República, Andrey de
Mendonça também receberá, em nome do Ministério Público Federal, uma
homenagem por denunciar na Justiça Federal em Marabá o coronel da
reserva do Exército Sebastião Curió Rodrigues de Moura (o Major Curió)
pelo sequestro qualificado de cinco combatentes da Guerrilha.
O secretário-geral da Fundação Maurício
Grabois — co-promotora do evento — lembra que esse é um ato aberto à
participação de todas as pessoas que se interessam em conhecer melhor
como foi a resistência à ditadura e que também querem manifestar seu
apoio ao restabelecimento da verdade. Também apoiam o evento entidades
estudantis como UJS, UEE, Upes, Ubes e UNE.
Buonicore diz que essa será a primeira
de muitas atividades de que a Fundação pretende participar em parceria
com o Núcleo de Preservação da Memória Política e o Memorial da
Resistência de São Paulo. “No final do ano temos o centenário de
Maurício Grabois. Já estamos planejando uma série de eventos conjuntos.
Um dos nossos ramos de atuação é a memória e essa é uma de nossas
afinidades comuns”.
Sábado Resistente
O Sábado Resistente é um espaço de
discussão das causas libertárias, em especial da resistência ao regime
militar implantado no Brasil com o golpe de Estado de 1964. Seu
principal objetivo é o aprofundamento dos conceitos de liberdade,
igualdade e democracia, fundamentais ao ser humano.
Serviço
Sábado Resistente em homenagem aos 40 anos da Guerrilha do Araguaia Sábado, 14 de abril A partir das 14 horas Local: Memorial da Resistência de São Paulo, Largo General Osório, 66 – Luz. Auditório Vitae – 5º andar
Fonte: Vermelho
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