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O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP)
assumiu o mandato no ano passado como o mais jovem integrante da nova
legislatura. Rapidamente, tornou-se um dos mais atuantes parlamentares
do Congresso.
Combativo e crítico ao governo, tornou-se autor das principais
representações contra autoridades, entre elas a que pede ao Conselho de
Ética a cassação do mandato do senador Demóstenes Torres (sem
partido-GO). Apesar do momento de glória em Brasília, o senador, de 39
anos, está em crise com seu partido. Filiado ao PSOL desde 2005, quando
deixou o PT após 19 anos de militância - começou a militar ainda na
adolescência - Randolfe se sente acuado por integrantes da legenda. E
não nega que pode sair do partido.
- Eu de fato quero um partido de massas,
que governe para milhões. O partido tem de avançar para isso. Às vezes,
o PSOL se limita a dialogar apenas com um gueto. Esse é o meu incômodo.
Vou aguardar as eleições municipais e espero que o partido saia bem.
Depois delas, vou definir o que farei - diz.
Apesar de ter se projetado
nacionalmente, são as questões locais que levaram o senador ao
desconforto com a legenda. Segundo ele, a busca por investimentos
nacionais e estrangeiros para desenvolver a infraestrutura de seu
estado, o Amapá, foi criticada intensamente por correligionários:
- Isso foi tido por alguns como uma
conversão ao capitalismo. É uma argumentação tosca, inadequada, e não é
de esquerda. É fascista. Hitler e Mussolini defendiam a mesma ideia de
realidades isoladas, sem diálogo com o mundo.
Outro fato que teria ensejado críticas
internas foi sua sugestão de criar um museu sobre a luta dos aliados no
combate ao eixo nazifascista. Assim como o Rio Grande do Norte, o Amapá
abrigou durante a Segunda Guerra uma base aérea dos aliados para apoio
ao combate em solo europeu. Randolfe defendia então que o museu fosse
construído com recursos do governo do estado e do governo americano.
- Quando defendi a construção de um
museu sobre a luta dos aliados no combate ao nazifascismo, afirmaram que
eu tinha me convertido ao imperialismo. Existe uma lógica autofágica
dentro do partido. Não há compreensão de muitos setores a esse espaço do
Parlamento. Há uma conversão da idiotice em má-fé.
Eles não leram uma
obra básica do Lenin: Esquerdismo, a doença infantil do comunismo.
O senador diz que hoje não há qualquer partido em vista, mas reconhece que já foi cortejado:
- Sempre tem uma troca de charme, mas
neste momento é uma resposta que não tenho amadurecida. Fora do PSOL, eu
teria dificuldade de saber o caminho. Mas, no espectro político
brasileiro, cabe a um partido mais à esquerda que dialogue com a
social-democracia, e não que rompa com a social-democracia.
Fonte: O Globo
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